Uma chapeuzinho sem lobo, um Monteiro sem Anastácia



BRASIL!

      País de proporções continentais! 6ª maior economia do mundo! Lar de belezas naturais diversas! Centro disseminador de uma censura que apesar de vestida como ovelha não passa de um lobo feroz encapuzado!
      Essa Gestapo chamada de  "Politicamente Correto", coberta pela manta do respeito e da diversidade, diz querer uma neutralidade linguística (uma linguagem sem preconceitos e discriminação). Uma bonita bandeira que acabou por ultrapassar os limites do bom senso e serve de pretexto para reabrir a DIP e criar um eufemismo para discursos de ódio. Como exemplo desse fato, tem-se o dicionário Houaiss. Por conter entre os seus verbetes definições pejorativas de termos como cigano (pej.: “que ou aquele que trapaceia; velhaco, burlador”) e baiano (pej.: "tolo, negro, mulato, ignorante, fanfarrão"), sofreu ações judiciais que pretendiam proibir sua venda e a exclusão dessas definições. Uma vergonha. Outro importante exemplo, foi o livro Caçadas de Pedrinho, escrito por Monteiro Lobato. O Conselho Nacional de Educação (CNE), tentou, mas não conseguiu, vetar o livro como leitura para escolas públicas por conta de trechos desencontrados ("Não vai escapar ninguém - nem Tia Nastácia, que tem carne preta.").
      Como qualquer dicionário publicado, o Houaiss apenas contém definições - sejam elas boas ou ruins. O filólogo não pretendeu justificar ou propagar o preconceito, mas tão somente relatar que aquelas palavras, como tantas outras, já tiveram esse tipo de significação. Já em Caçadas de Pedrinho, o fato de conter frases racistas não deve ser o motivo de um veto. O livro deve cumprir seu papel de debater os antigos preceitos que rondavam a sociedade brasileira e compará-los aos que temos hoje. Ao se vetar essa obra-prima da literatura infanto-juvenil lobatiana, perde-se, além dos motivos anteriores, a oportunidade de se aprofundar no mundo fantástico do Sítio do Pica Pau Amarelo e nos ensinamentos que podem ser tirados daí.
      O problema não são as obras, as propagandas ou os humoristas, e sim os ouvintes. Lógico que Monteiro ao criar suas obras estava, por exemplo, sendo influenciado por preceitos racistas do determinismo e do positivismo. A propagação, porém, dessas e outras ideologias cabe aos receptores da mensagem. Com uma educação baseada na diversidade e na igualdade,dificilmente um livro, assim como dicionários e outras mídias, se tornaram "Mein Krampf" em potencial.

Obs.: Esse post apenas demonstra uma opinião. Há vários referenciais para um mesmo fato.


" Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até o último instante seu direito de dizê-la."                           (Voltaire)