Turbilhão



Hoje me deparei com uma situação um tanto inusitada. No momento que acordo, sou recebido com um turbilhão de questionamentos sobre como levo a vida atualmente e o quanto tive meus valores levados a inversão. Será que eles não entendem a loucura que se encontra minha vida? Será que eles simplesmente não conseguem visualizar que manter uma vida em pleno século XXI é uma tarefa desgastante e muitas vezes improdutiva? Será que eu mudei?

Conciliar momentos de extrema exaustão com momentos de intensa atividade é algo que se aprende cotidianamente nesse mundo pós-moderno. Somos frequentemente levados a fazer mais um relatório, ter um segundo emprego, sermos os melhores e nunca desligarmos. Certo é a estagiária Mita Diran que trabalhou ininterruptamente durante mais de 30 horas e ficou em coma por conta da exaustão e morreu. Ela é um modelo a ser seguida, pois levou a vida profissional tão a sério que nada mais era importante para ela. Dormir é, realmente, para os fracos. Para se atingir o sucesso, temos que continuar nesse eterno estado de luta e fuga, onde sempre temos um trabalho para terminar e uma expectativa pessoal para cumprir. Expectativas essas que devem se tornar cada vez mais irreais, a fim de que possamos sempre nos manter em posição de alerta. Será que os outros não percebem que essa é a vida que todos temos que ter? Será que ninguém quer conquistar o sucesso? Será que é isso que quero realmente para minha vida?

Estamos vivendo em um mundo que se apresenta no meio de uma crise global que só não é maior que a crise de 29. O desemprego e o rebaixamento salarial estão a nos visualizar na estreita abertura da nossa porta. Eles apenas esperam o momento para derrubá-la e nos assombrar. Por isso, precisamos manter de todas as formas nossos empregos. E para isso, competimos até deslealmente com uma gama de fatores e pessoas a fim de não sermos substituídos ou passado para trás - alias, "Os fins justificam os meios". Daí acredito mais uma vez que ter uma vida tranquila e recheada de encontros familiares é muito "low profile". "Hight profile" mesmo é levar o individualismo para sua máxima potência. É perceber que ao renegar a família na lista de eu-possíveis, você poderá se dedicar como nunca a sua vida profissional (além, claro, de evitar muitas amolações que o círculo familiar
pode trazer, como bebês inconvenientes e mães constantemente chatas e preocupadas). Será que irei perder meu emprego? Será que não percebem que devemos nos amar a si próprio até que a morte nos separe? Será que minha mãe irá me ligar hoje?

 Preciso consumir e para isso preciso de algo que me dê as condições necessárias de atender a todos os meus desejos e anseios - sejam eles palpáveis ou não. Como não amar meu trabalho se é ele que me traz a felicidade de sempre poder ir ao shopping comprar, comprar e comprar. É ele que me oferece aquela roupa da semana, o carro do ano, as viagens espaciais. Posso conquistar aquela gatinha, reservar um camarote e beber "uns bons drinque" por causa dele. Posso até me tornar uma supercelebridade em decorrência dele. Porque não continuar? Porque não me autodestruir nessa maravilhosa corrente de prosperidade? Porque me sinto tão vazio?

Mudanças

     Em sua origem, a vã filosofia humana já nos fazia refletir sobre a fluidez da vida e a forma como sempre buscamos evoluir rumo a um futuro desconhecido. Mudamos e nada pode impedir esse fenômeno. Mudamos nosso modo de agir, nossa forma de arrumar a casa e até o lugar onde moramos. Mudamos para recomeçar, bagunçar ou atingir um objetivo.
      Confesso: vivo esse momento de transmutação. Vivo nessa linha tênue que separa o conforto da novidade. Esse turbilhão de emoções que me fazem repensar a vida através de fórmulas complexas e instantâneas.
      Sinto aquele friozinho na barriga e acredito que é uma peça fundamental desse momento. Uma dorzinha congelante que se divide entre o desejo de mudar e o medo de fazê-lo. O novo empolga a alma (a qual rodopia e pula sem parar), mas gera também desconfiança. Juntas, essas emoções nos faz vivenciar de forma plena a mudança e acabam por sempre fazer-nos pesar as consequências e optar pelo melhor caminho.
      A trilha, contudo, não será necessariamente simples e pode trazer a tona sentimentos dolorosos entre suas pedras. A dor vai existir, mas como uma lagarta que um dia irá se metamorfizar em uma borboleta, trilhará o presente sem contudo esquecer as marcas do passado. Assim será com os católicos, os quais vão ter que entender a renúncia do papa como algo que pode representar um caminho de renovação na Igreja. Assim será com as testemunhas do massacre em New Town, que agora transformam memórias sanguinolentas em uma luta para o fim de mortes como essas nos E.U.A. Assim será com os sobreviventes da boate Kiss e suas assombradas lembraças.
      Darwin já descrevia a evolução como algo impreciso, inseguro e desigual. Da mesma forma são as mudanças: não sabemos de que forma elas ocorrerão, não sabemos se elas trarão benefícios ou malefícios e não sabemos os seus resultados. A única coisa que sabemos é que podemos suavizar o percurso, tornando-o mais facilmente trilhável. Os ponteiros andam sem parar e devemos acompanhá-los custe o que custar

Carta à mãe

Aracaju, 13 de maio de 2012



Mãe,

      Muitas felicidades pelo seu dia. Ele representa a alegria de tê-la sempre ao meu lado. 
      Nossa história de amor começou no dia 04/03/1990. Foi amor à primeira vista. No momento que senti o calor do seu corpo e o carinho emanado pela sua voz, eu soube que nosso caso seria eterno. Você me acariciou nos momentos de fraqueza, me ajudou nos dias tristes e curtiu comigo lembranças alegres e inesquecíveis. Foi seu sorriso majestoso - o qual, aliais, sempre surgia na oportunidade certa - que me fez galgar sempre para um futuro melhor.
      Assim como o caule que sustenta uma rosa, você serve de suporte para toda a nossa família. Com sua força e perseverança, nosso mundo se torna mais humanizado e sincero. Você nos protege nas horas certas e nos mostra esse mundo cão na mesma medida. Como na fábula "Os Gravetos" de Esopo, você une o nosso feixe de gravetos evitando que não se partam com uma simples inflexão, pois sabe que um solitário graveto não suporta a menor das forças.
      Seu coração é " um verdadeiro coração de mãe". De tão grande, consegue acolher todos os que necessitam da sua ajuda. São seus trabalhos voluntários e sua caridade para com o próximo que a faz ser um diamante num mar de pedras. Você tem essa necessidade de tornar esse planeta um lugar mais justo e integro. Um planeta onde as desigualdades podem deixar de existir. Além disso, sua experiência com crianças é algo a ser reconhecido. Você as ensina desde o primeiro dia de aula que sua sala é um lugar aberto para todo o tipo de opiniões e pensamentos. Ninguém é recriminado simplesmente porque se atrasou numa cópia ou pediu suas simpáticas explicações 200 vezes. Acredito que os desenhos coloridos, feitos a mão, no cabeçalho de todas os folhas de monobloco, era uma estratégia mágica de fazer-nos expressar com a forma mais simples de escrita, além de mostrar nosso potencial criativo. Sei que eram os alunos mais problemáticos, aqueles que te desafiavam mais na sua carreira, os inspiradores do seu ensino. Você não desistia deles até os entender tão a fundo e os ajudar como se fossem seus filhos. Por conta disso, formou grandes profissionais, que mesmo após anos, reconheciam na senhora o ser que os preparou para a vida.
     "Debaixo dos caracóis do seu cabelo", sei que há uma MÃE. Uma mulher maravilha capaz de nos salvar do pior dos monstros, acalmar o maior dos medos, enfrentar todas as angústias e ainda achar um tempinho para se bronzear. Por tudo isso, mãe, resumo em poucas palavras meus sentimentos:

Te amo!

Atenciosamente,

Seu filho
      

Uma chapeuzinho sem lobo, um Monteiro sem Anastácia



BRASIL!

      País de proporções continentais! 6ª maior economia do mundo! Lar de belezas naturais diversas! Centro disseminador de uma censura que apesar de vestida como ovelha não passa de um lobo feroz encapuzado!
      Essa Gestapo chamada de  "Politicamente Correto", coberta pela manta do respeito e da diversidade, diz querer uma neutralidade linguística (uma linguagem sem preconceitos e discriminação). Uma bonita bandeira que acabou por ultrapassar os limites do bom senso e serve de pretexto para reabrir a DIP e criar um eufemismo para discursos de ódio. Como exemplo desse fato, tem-se o dicionário Houaiss. Por conter entre os seus verbetes definições pejorativas de termos como cigano (pej.: “que ou aquele que trapaceia; velhaco, burlador”) e baiano (pej.: "tolo, negro, mulato, ignorante, fanfarrão"), sofreu ações judiciais que pretendiam proibir sua venda e a exclusão dessas definições. Uma vergonha. Outro importante exemplo, foi o livro Caçadas de Pedrinho, escrito por Monteiro Lobato. O Conselho Nacional de Educação (CNE), tentou, mas não conseguiu, vetar o livro como leitura para escolas públicas por conta de trechos desencontrados ("Não vai escapar ninguém - nem Tia Nastácia, que tem carne preta.").
      Como qualquer dicionário publicado, o Houaiss apenas contém definições - sejam elas boas ou ruins. O filólogo não pretendeu justificar ou propagar o preconceito, mas tão somente relatar que aquelas palavras, como tantas outras, já tiveram esse tipo de significação. Já em Caçadas de Pedrinho, o fato de conter frases racistas não deve ser o motivo de um veto. O livro deve cumprir seu papel de debater os antigos preceitos que rondavam a sociedade brasileira e compará-los aos que temos hoje. Ao se vetar essa obra-prima da literatura infanto-juvenil lobatiana, perde-se, além dos motivos anteriores, a oportunidade de se aprofundar no mundo fantástico do Sítio do Pica Pau Amarelo e nos ensinamentos que podem ser tirados daí.
      O problema não são as obras, as propagandas ou os humoristas, e sim os ouvintes. Lógico que Monteiro ao criar suas obras estava, por exemplo, sendo influenciado por preceitos racistas do determinismo e do positivismo. A propagação, porém, dessas e outras ideologias cabe aos receptores da mensagem. Com uma educação baseada na diversidade e na igualdade,dificilmente um livro, assim como dicionários e outras mídias, se tornaram "Mein Krampf" em potencial.

Obs.: Esse post apenas demonstra uma opinião. Há vários referenciais para um mesmo fato.


" Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até o último instante seu direito de dizê-la."                           (Voltaire)

Um novo Natal?

   


       Há alguns dias, comemoramos o Natal. Um dia recheado de esperanças e solidariedade. Parentes que nunca se viram tornam-se irmãos, crianças que nunca tiveram um pai são preenchidas com a visita de um Bom Velhinho, que sublima toda a tristeza e o rancor de suas almas.
      Mas não é somente sobre isso que venho a relatar nesse escrito. Venho falar sobre as festas de fim de ano, onde renovamos nossas vidas, nos entregamos para um fantástico mundo novo e relembramos um passado glorioso repleto de mistérios e ensinamentos.
      Nesse novo ano, assim como todos os habitantes desse planeta, farei promessas, pretendo ir a praia e pular ondinhas (apesar de saber que tudo isso não passa de uma ilusão e que passarei mais um ano assistindo o Show da Virada, da Rede Globo!). Além de tudo isso, sei que 2012 será um ano diferente para mim. Não, eu realmente não acho que essa mudança se reflete no fim do mundo propagandeado pelos meios de comunicação e por Hollywood. A diferença a qual mencionei se reflete em uma elevação pessoal. Sinto que esse novo ano se mostrará recheado de comprometimento e força de vontade. Prevejo mudanças para minha vida, além da realização de um sonho antigo. Para mim, não são só as auras natalina e de revéillon que me fazem prever grandes mudanças, mas sim um sentimento latente que cultivo a muitos anos. Um sentimento que se revelou após todo esse tempo.
      Assim como eu, seu fiel escritor sentimentalóide, todos vocês apresentam esse sentimento de mudança. Fazem, como já disse, promessas que pretende dar um giro nas suas vidas. Porém, muitos fazem de conta que nada aconteceu, se esquecem de tudo na virada do ano e acabam por voltar para uma rotina enfadonha e desgastante. Por isso, assim como as boas revistas naturebas e conselheiras, tecerei algumas dicas maravilhosamente numeradas, para que vocês revertam essa situação:


  1. Sempre tenha consigo uma lista com todos os seus sonhos. Ter um canal de Tv, comer a Juliana Paes (ou José Mayer, se preferirem), ser presidente dos E.U.A ou da Guiné-Bissau valem e devem ser lembrados em suas listas.
  2. Tente cumprir pelo menos uma das suas promessas. Perca peso, pare de fumar, mude de emprego, entre numa escolinha de futebol para enfim tentar ser que nem o Kaká. Somente tirando a bunda da poltrona, você conseguirá diminuir sua lista de 2013.
  3.  Contemple o seu redor. Apenas assim, perceberá como anda o mundo a sua volta, formulará soluções para os problemas e agradecerá pelas boas ações. Não adianta mandar 5 reais para o Criança Esperança e fechar a janela para um menino de rua.
  4. Transforme seu Natal - agora só o do próximo ano - num momento de solidariedade. Não fique somente dizendo que a festa é chata por ser recheada de hipocrisia. Ajude uma criança, reverta seus presentes em doações, dê uma dentadura a um velho (desculpe, idoso), numa clara demonstração de que há caridade em seu coração.


      Por tudo isso, caro leitor, veja que essas datas servem somente para você medir o que pesa mais em sua vida. É um leve colocar e retirar pesos de uma balança prestes a pender para um dos lados. É a renovação de tudo o que pensamos e queremos para nossas vidas.

QUE VENHA MAIS UM NOVO NATAL!